A palavra ‘‘crise’’ nunca foi novidade no Brasil. Há quem diga que só no período do governo Fernando Henrique Cardoso (1994-2002), o país passou por sete. Parecendo imune a todos os turbilhões que a escassez de crédito nos bancos norte-americanos e europeus já desencadeou em solo tupiniquim nos últimos meses, entretanto, o setor têxtil e de confecção potiguar segue rumo ao crescimento - tímido, vale salientar - em 2009. De acordo com uma estimativa do representante da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Rafael Cervone, que esteve em Natal esta semana e concedeu entrevista exclusiva a O Poti, o segmento deve crescer até 3,5% este ano. Com a queda de 20,72% nas exportações no primeiro trimestre, segundo dados da Abit, as apostas dos potiguares estão direcionadas para aquele que deve se tornar a ‘‘galinha dos ovos de ouro’’ a partir de agora: o mercado interno.
Quem olha de longe quase não percebe os impactos que a tecelagem e a confecção sofreram com a crise financeira internacional, principalmente em terras potiguares. Ao contrário da indústria automobilística, que estampou as páginas dos jornais com números vertiginosos de demissões e prejuízos, o segmento parece não ter sido atingido. Mas foi. A escassez de crédito e a forte alta do dólar mexeram com o grande nicho para o qual o setor se voltava: o comprador estrangeiro. O presidente do Sindicato da Indústria Têxtil do RN e diretor da Coteminas Industrial João Lima não confirma, mas a Abit atesta que entre janeiro e março deste ano o RN exportou US$ 6 milhões, enquanto no mesmo período do ano passado esse índice chegou a US$ 7,6 milhões, uma queda de mais de 20%. As importações também caíram, só que 63,68% -saíram de US$ 4,2 milhões no primeiro trimestre de 2008 para US$ 1,5 milhão em 2009.
Apesar de admitir que a indústria têxtil diminuiu suas atividades, não só no estado mas no Brasil inteiro, o executivo reforça que as dispensas, uma das consequências da crise mais temidas em todo o país, não aconteceram. ‘‘Muitas empresasa deram férias coletivas, mas isso costuma acontecer entre dezembro e janeiro’’, diz ainda. Entretanto, para João Lima, o mercado está mesmo mais difícil, mas a indústria tem usado da criatividade e do lançamento de produtos novos para driblar as dificuldades na economia.
Lima não fala em valores, mas estima que, ancorada no mercado interno, o setor têxtil potiguar vai crescer este ano. ‘‘Não acredito, porém, que crescerá em exportação’’, admite. Ele diz ainda que ficaria ‘‘realizado’’ se a indústria do RN conseguisse manter o número de empregos que possui hoje - na casa dos oito mil postos de trabalho só no ramo têxtil. Ao todo, o RN emprega atualmente 29.660 pessoas nas indústrias têxtil e de confecção, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados. Atualmente 740 empresas trabalham no setor, que participa com 2,46% do faturamento total do PIB têxtil brasileiro (veja quadro). Em 2008, as estimativas dão conta de que o segmento potiguar faturou US$ 1,06 bilhão. Já a projeção da produção física industrial aponta 45 mil toneladas no ramo têxtil e de 30 mil toneladas no vestuário.
LOUISE AGUIAR
da equipe de O POTI
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