A denúncia de que um neto do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), intermediava empréstimos consignados entre instituições bancárias e servidores da Casa fez ganhar força entre os parlamentares o pedido de afastamento temporário do peemedebista. Senadores prometem voltar a pedir publicamente nesta quinta-feira que Sarney deixe o cargo até a conclusão das investigações sobre a edição de atos secretos e desvios de recursos na instituição.
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) promete subir hoje à tribuna do Senado novamente para recomendar que Sarney deixe a presidência. O peemedebista já disse que o colega deve deixar o cargo temporariamente, mas teme que o agravamento das denúncias aumente o desgaste sobre a instituição.
Simon disse à Folha Online que as denúncias contra Sarney têm causado prejuízos à imagem da instituição. "Ele tem que sair, ele está esgotando toda a nossa paciência. É preciso que ele se afaste porque, senão, cada dia é um problema novo não só para ele, mas para toda a Casa. O Senado não suporta mais esse denuncismo", afirmou.
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que Sarney tem que se afastar para evitar que influencie nas investigações da Casa. "A situação do presidente Sarney é cada vez mais delicada, por isso mantenho o meu posicionamento de que ele deveria se licenciar. Não podemos julgá-lo pelo que dizem os jornais, mas também não podemos permitir que ele presida seu próprio julgamento. O ideal é que ele se afaste até que não existam mais dúvidas sobre as denúncias", afirmou.
O PSOL articula ingressar nesta quinta-feira com representação contra Sarney por quebra de decoro parlamentar na Mesa Diretora do Senado. O partido quer que o presidente da Casa responda pelas denúncias de suposto conhecimento da edição de atos secretos no Senado.
Acusação
A denúncia que envolve o neto de Sarney, publicada pelo jornal "O Estado de S. Paulo", afirma que o esquema de empréstimo consignado para servidores do Senado inclui entre seus operadores José Adriano Cordeiro Sarney, neto do peemedebista. Segundo o jornal, de 2007 até hoje a empresa de José Adriano teve autorização de seis bancos para intermediar a concessão de empréstimos com desconto na folha de pagamento.
Adriano Sarney é filho do deputado Zequinha Sarney (PV-MA). O neto do presidente do Senado disse, na reportagem, que sua empresa fatura por ano menos de R$ 5 milhões. De acordo com o jornal, José Adriano abriu a empresa quatro meses depois que o então diretor de Recursos Humanos da Casa, João Carlos Zoghbi, inaugurou assessoria para intermediar os contratos no escândalo que o afastou do cargo.
Por meio de assessores, Sarney não quis comentar a denúncia.
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